segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Feminismo: os dois lados da moeda



   É notório que a discriminação de gênero sempre se fez presente, assolando sociedades e calando, oprimindo e assassinando milhares de mulheres, todos os anos. Ainda que atualmente, no Brasil, haja um grande percentual de crescimento da participação da mulher no mercado, o preconceito e a desvalorização da mão de obra feminina são explícitos em todos os arredores, diariamente – principalmente quando se trata de altos cargos e/ou significativas remunerações. Você já se perguntou qual o motivo de tal aversão?
   Acredita-se que, na antiguidade, devido ao fato de tarefas pesadas, violentas ou perigosas terem sido destinadas a homens, por apresentarem um físico mais “resistente”, mulheres da época se encarregavam da procriação, cuidado com a prole e seu ninho (residência). A partir daí, com o passar dos séculos, a figura feminina absorveu uma imagem de caráter frágil, o que reflete na crença de muitos no tabu de que mulheres são inaptas a exercerem funções as quais demandam inteligência, força ou qualquer tipo de tarefa que fuja do que foi sucumbido a ser seu papel tradicional. No entanto, depois de anos de evolução, houveram comprovações científicas de que mulheres são igualmente capazes física e intelectualmente a homens, além de serem mais habilidosas em inúmeros aspectos – lembremos que, em contrapartida, homens tendem a ser mais fortes devido a hormônios específicos de sua fisiologia e respectivos desenvolvimentos musculares, portanto não devemos desvalorizar o gênero ou inferiorizá-lo quanto às suas capacidades de um modo geral. Em vista disso, sendo comprovada a parcial igualdade entre os sexos, seria certo que a segregação e o preconceito para com a figura feminina se extinguissem, mas não é o que acontece. E assim surge a necessidade do feminismo. Mas o que este movimento é, exatamente?
   Utilizado constantemente de modo equivocado, o vocábulo “feminismo” traz consigo um histórico de lutas e conquistas, ainda que grande parcela da população não as aceite ou as reconheça. Defendendo a uniformidade formalizada entre os gêneros, o feminismo busca mostrar o quão simplório e importante é a existência de uma igualdade de direitos entre homens e mulheres. Teve início na Europa do século XVIII onde ocorriam diversas manifestações em prol da Declaração dos Direitos dos Homens, a qual garantia igualdade entre todos os homens, excluindo mulheres. Em 1789, na Revolução Francesa, surgiram diversos grupos de militantes – formados predominantemente por mulheres –, as quais defendiam a ideia de que a mulher possuía os mesmos direitos naturais que os homens e, sendo assim, tinha direito de participar da formulação de leis e da política de um modo geral. Neste período, surgiram célebres revolucionárias feministas, tais como a francesa Olimpe de Gouges e a sufragista Constance Markievicz. Grande parte destas revolucionárias foram torturadas e mortas como tentativa de calar a voz das militantes, no entanto, tal fato apenas fez com que o sentimento de união para a busca pela justiça fosse despertado em mulheres de diversas partes do mundo.
   Dentre inúmeros tipos de feminismo, destacam-se o emancipacionista e o contemporâneo. O primeiro, centralizado na Inglaterra, onde mulheres aos poucos obtinham conquistas como o direito ao voto, à instrução educacional e até o direito de exercer uma profissão. Além de ícones femininos, os quais inspiraram inúmeras mulheres, surgiram também pensadores, como Stuart Mill, que acreditava na diminuição das desigualdades em núcleos familiares como forma de catapultar o movimento e fazer com que mulheres fossem tratadas de forma semelhante a seu parceiro. Já o feminismo contemporâneo, o qual surgiu nos EUA na década de 60, pode ser considerado um movimento mais radical, onde mulheres não só buscam a igualdade política, econômica, mas acreditam que além disso podem facilmente superar homens em qualquer tarefa. Este tipo de feminismo está presente, principalmente, em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Estudiosos acreditam que o feminismo contemporâneo é um reflexo das mudanças políticas, sociais e educativas do passado. 
   No final da década de 70, o feminismo entrou em declínio em escala global, devido a guerras, terrorismo, violência e diversos outros fatores. Não obstante, em 1990, avançou e vem crescendo exponencialmente em meio às sociedades no geral. Além disso, é primordial ressaltar a importância do dia da mulher, o qual é comemorado em 08 de Março, devido a um incêndio numa fábrica têxtil em Nova York, onde morreram cerca de 130 operárias no início da década de 90. Após o incidente com estas mulheres, as quais trabalhavam 15 horas diárias e recebiam salários medíocres, organizações femininas se uniram em prol da melhoria das condições da mulher principalmente em âmbito social e econômico, se tornando mais uma das milhares de manifestações feministas.
   O grande conflito existente quando se trata de feminismo, além da falta de embasamento histórico necessário para a melhor compreensão do movimento, é a associação do feminismo ao femismo, ainda que um termo signifique algo totalmente diferente do outro. Enquanto o feminismo prega a liberdade da mulher e seu direito enquanto humano, sem qualquer distinção de gênero, o femismo defende a ideia de superioridade da mulher perante ao homem. Tal fato, por se assimilar ao machismo, causa repulsa em grande parte da sociedade, uma vez que é mal compreendido. No entanto, com toda essa disponibilidade e disseminação de informações por meio de tecnologias, o caminho para a extinção dessa desigualdade está na disposição em compreender a diferença entre um conceito e outro e principalmente, se posicionar de maneira justa nesta luta por igualdade.  Afinal, o feminismo é um dos movimentos mais atuantes no mundo. Por que? Simples! Em virtude da persistência de um julgamento equivocado, o qual faz com que estejamos sempre em busca da justiça e da desconstrução de uma raiz profunda e machista na qual foi construída a sociedade.

O feminismo é a noção radical de que mulheres são pessoas
- Autor Desconhecido 

2 comentários:

  1. Muito bom!Ótimo texto... Até onde eu sei, o nome da dona da página é "Alessandra". Pelo nome deve ser uma senhora já de idade, gostaria de conhecer.

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    1. Correto, a dona é a Alessandra, mas de velha só tem o nome, além de inteligente, é linda e tá com tudo em cima. Velho ranzinza deve ser o dono desse comentário, imagino eu. Sei q o texto está ótimo, mas tb sei q ainda não o leu, então que comece a fazê-lo.

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